17.4.13

[Resenha] A resposta





Título: A resposta
Título original: The Help
Autor(a):  Kathryn Stockett (site)
País: Estados Unidos
Ano publicação original: 2009
Editora: Bertrand
Páginas: 574




Quer comprar? Compare os preços aqui!

(5/5)

----------------------------------------------------------------------------------------------

Um dos livros pelo qual mais ansiei comprar e que eu ficava inconformada por ter comprado e continuar tendo-o na estante finalmente tem um pouco de atenção sobre ele no blog.
Peço desculpas pelas palavras desconexas devido ao cansaço e também ocasionada pelos fortes sentimentos que me causaram essa história tão fácil e tão difícil de resumir.

---------------------------------------------------------------------------------------------- 
Breve sinopse

Uma jovem branca  de 22 anos termina a universidade e retorna à sua casa em Jackson, Mississipi em 1962. Durante o jogo de bridge com suas amigas de escola, Skeeter escuta a proposta de sua amiga de que os negros precisam ter banheiros separados dos brancos porque Hilly se recusa a usar o mesmo banheiro que a doméstica negra Aibeleen.
Aibeleen após a morte de seu filho sente uma semente amarga no peito diante de ofensas a sua cor que não lhe incomodava antes. Ela sempre soube se calar, diferente de sua amiga Minny que não fecha a boca nem para parar de comer.
Três mulheres com histórias que se cruzam e se arriscam diante de uma ideia de dar voz pela primeira vez às mulheres que cuidam das casas de brancos e negros em Jackson, Mississipi como em tantas outras cidades.
----------------------------------------------------------------------------------------------
Em inglês o título é diferente, A ajuda. Em Portugal, As serviçais.
Gosto do título que escolhemos. Considero que o objetivo do livro é exatamente este, dar uma resposta a sociedade que não se importa em ouvir quem está ali, todos os dias limpando sua casa e criando seus filhos.

Largo o ferro de passar bem devagarinho, sinto uma semente amarga brotar dentro do meu peito, aquela que foi plantada depois que Treelore morreu. Meu rosto fica afogueado, minha língua coça. Não sei o que dizer pra ela. Só o que sei é que eu não vou dizer nada. E eu sei que ela não vai dizer o que quer dizer também e é uma coisa estranha o que acontece aqui, porque ninguém tá dizendo o que quer dizer e, mesmo assim, de algum jeito, é uma conversa que tá acontecendo.
p. 43

A história é fantástica! Porque as duas negras domésticas que protagonizam são incríveis. Aibeleen é mais velha, tem sabedoria, é amorosa. Uma verdadeira mãe que sofre por ter perdido seu único filho biológico. Ela tem que se contentar com seus outros filhos, aqueles que ela criou para que um dia se recusassem a sentar na mesma mesa que ela.

Temos Minny, excelente cozinheira, que tem dificuldades de se encaixar porque não sabe manter a boca fechada. Não consegue se rebaixar e paga o preço.

E Skeeter, a moça branca, filha de fazendeiros, de família com dinheiro. E desajustada. Grande demais, branca demais, cachos demais. Acostumada a se rebaixar demais. E cheia de ideias sonha em escrever.

A história é contada assim, alternando o ponto de vista dessas três mulheres que nos apresentam suas vidas, suas dores, seus sonhos, frustrações e pensamentos. E você precisa saber que grande parte do que acontece com elas é ruim. E eu não me refiro apenas a questão de como as domésticas negras (ou qualquer outro negro) é tratado no Mississipi justamente quando Martin Luther King estava lutando contra a desigualdade social, quando o primeiro negro a estudar na Ole Miss (Universidade do Mississipi) teve que ser escoltado pelo exército americano. Há questões típicas dos dias de hoje: mulheres que apanham do marido, mulheres que procuram se encaixar socialmente em padrões estabelecidos, mulheres que sofrem a perda das pessoas queridas e solidão.
É um livro histórico e também completo no que diz respeito a ser mulher e ser humano na sociedade.

É claro que grande parte do motivo da história se trata da segregação racial existente nos Estados Unidos (principalmente na época), e surge por conta da movimentação de uma das melhores amigas de Skeeter em praticamente exigir que os negros tivessem banheiros separados dos brancos.
A vez de escutar aqueles que não possuem voz nos faz mergulhar na dor dos negros, e mais além, nos mostra que nem tudo são "trevas". Diante de toda hipocrisia, laços lindos de amizade, companheirismo e admiração são retratados ao longo das páginas seja no registro das domésticas negras, seja no relato de Minny e sua "tola" patroa Celia que a considera uma amiga.

Aliás, Celia foi um ponto alto no filme Histórias cruzadas (baseado no livro) e conseguiu ser ainda melhor na versão literária. É uma personagem apaixonante, uma heroína sem se dar conta disso ou despertar essa sensação nos demais personagens.

Ainda em comparação com o filme, preciso contar que senti falta da ênfase que Skeeter dá no fato das crianças brancas serem criadas por mulheres negras a quem aprender a amar até mesmo mais que as próprias mães, mas que são renegadas no futuro como um utensílio que pode ser desprezado.
Essa fala me marcou profundamente e, embora esteja de algum modo no texto do livro, eu não senti a mesma intensidade no "recado".
Ele parece mais dissolvido até na relação de Aibeleen com Mae Mobley, a Nenenzinha.

Para os que já estão fugindo do livro por considerarem ser um dramalhão cheio de contextos éticos e políticos com fatos históricos, prepare-se também para muitas risadas. Porque é a vida, você apanha num dia e no outro está rindo de qualquer besteira que aconteceu. E até mesmo aprontando.
Confesso que por ter visto filme a surpresa com maior suspense eu já sabia, isso não impediu que meus sentimentos viessem à tona do mesmo modo quando eu descobri o segredo de Minny nas telas.

Peço que leias o livro. Peço com carinho porque é maravilhoso, sensacional e de um aprendizado fantástico. Nem que seja para aprender todas as serventias de Crisco (ou até mesmo o que é Crisco).

 Preciso recomendar algumas resenhas que conseguem manifestar melhor meus pensamentos do que eu mesmo: Nando do Viagem literária, só discordo da Hérida de Lendo nas estrelinhas quanto ao final, concordo é com o Bruno do Minha estante de que fiquei foi com saudades. 



P.S.: Eu provavelmente vou querer reescrever essa resenha quando eu estiver mais consciente do pós-livros.
P.S.2: Eu adoro essa capa do filme (um milagre), mas a capa original é muito mais intensa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
Minima Color Base por Layous Ceu Azul & Blogger Team