Dizem que de médico e louco, todo mundo tem um pouco, né?
Pois é. Mas a gente sempre oscila e fica se perguntando se a nossa loucura não pode estar ultrapassando um pouquinho do limiar da normalidade.
Ou será que se perguntar sobre isso já é sinal de loucura?
Quando eu fico muito triste, tenho alguma atitudes que parecem um ritual. Coisa de gente louca.
Um deles é que eu gosto de ficar em lugares fechados e restritos. Se eu pudesse, me enfiava dentro de uma caixa de sapato (juro que quando estou muito triste e em um lugar aberto, chego a imaginar essa sensação). Quero me esconder até de mim mesma, e o ambiente apertado me dá essa sensação de escape. De desaparecimento.
Quando não suporto alguma situação, principalmente quando não é um motivo de tristeza único, mas algo que retorna de vez em quando (como situações problemas). Eu começo a escrever para tenta liberar a tristeza de mim mesma e buscar nas palavras uma resposta, um apoio. Como se ao escrever, eu deixasse de questionar apenas a mim mesma, estivesse naquele momento contando com um segundo alguém para dar uma solução.
Pode ser que muita gente faça o mesmo que eu, ou algo bem semelhante.
Tem uma outra coisa que eu passei a notar que faço, que me dá conforto e é espontâneo, sem consciência. E parece coisa de quem tem transtorno obsessivo-compulsivo. Eu fico repetindo um mesmo poema na cabeça. Inúmeras vezes. Como se assobiasse uma música.
O poema que eu sempre recito, me foi apresentado por uma amiga muito especial, nem preciso dizer o nome dela, porque ela saberá que foi ela quem me ensinou.
Não sei se é loucura, só sei que me acalma. E me deixa mais tranquila agora que me dou conta que faço isso, porque penso em alguém que me quer bem.
Quando
Neimar de Barros
Quando eu me encontro com meus desencontros
e vejo que perdi tempo com meus contratempos,
eu tenho vontade de chorar.
Uma visão clareia e eu me lembro e relembro,
que eu saia por todos os cantos a procura de encantos
que estavam justamente no meu lar.
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