31.7.13

[Resenha] O leitor - Bernhard Schlink




Título: O leitor
Título original: Der Vorleser
Autor(a): Bernhard Schlink
País: Alemanha
Ano da publicação original: 1995
Editora: Record
Páginas: 240




(4/5)

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Sabe aquele livro que você sempre quis ler e ele pula na sua frente?
Antes da Kênia ir viajar eu fui me abastecer com alguns livros para ler no mês de julho com ela, e do nada eu vejo O leitor e digo: "posso levar esse?".
E ele foi me acompanhar na viagem para Buenos Aires e eu tive que esticar um pouquinho, porque praticamente terminei no vôo com ele.

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Breve sinopse

Michael Berg passa mal na rua aos 15 anos e é auxiliado por uma mulher. E acaba se envolvendo com essa mulher mais velha numa paixão que muda sua vida. E essa paixão segue um ritual, um deles, o de ler em voz alta alguns livros.
Eis que anos depois, durante um estágio da faculdade de direito ele se vê diante de Hanna como réu num tribunal.

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Eu já tinha visto o filme. Foi assim que me interessei imensamente pela história.
Mas eu assisti logo que saiu e não me recordo muito bem dos detalhes. Ou talvez eu me lembre melhor dos detalhes do início, do romance que acontece entre o adolescente e uma mulher. Algumas cenas voltaram a minha memória apenas durante a leitura, o que foi gostoso porque me ajudou a criar um cenário já que o autor não é tão descritivo com relação aos ambientes, mesmo que o seja para a cena e os personagens.

O livros é dividido em três partes, e essas partes representam diferentes momentos do personagem Michael Berg, que é quem nos conta a história. E eu me recordava pouco da segunda etapa da história (nem lembrava que Ralph Fiennes havia interpretado Michael adulto).

O mais emocionante é que , se você não leu a sinopse (e a minha eu omito alguns detalhes que são os que faço referência a seguir), é um choque a segunda etapa da história. Deixamos de acompanhar um adolescente para ver a vida de um adulto durante a faculdade. Michael se vê diante de Hanna numa situação inusitada, que não poderíamos prever, que o protagonista não poderia prever e que nos leva a reflexões inesperadas.

Acreditamos estar lendo um romance 'Lolita ao inverso'. Entretanto, mesmo no início o romance é diferente. A mulher mais velha se envolve com o rapaz, mas se envolve com ele como homem. Para mim fica claro que não há nenhum interesse de Hanna por Michael pela questão da idade, embora a diferença de idade não seja ignorada em nenhum momento entre eles.
Chegam a planejar passeios de namorados, em que Hanna se coloca como mãe de Michael.

O relacionamento dos dois modifica a vida desse pequeno rapaz, a princípio vemos apenas as mudanças positivas. No decorrer das páginas notamos que as marcas deixadas por essa intensa relação não tornaram a vida do homem tranquila. Ele buscava um passado quando não acredita querê-lo.

E então! Temos a segunda parte e as observações de Michael sobre Hanna. (peço que se você não viu o filme e quiser manter o suspense pule esse parágrafo, embora não seja um spoiler)
Ele se confunde ao ver aquela mulher que amou como alguém responsável por atos considerados atrocidades por toda a sociedade atual.
O que pensar de alguém que atuou nos campos de concentração durante a Segunda Guerra e que enviou inúmeras mulheres para a morte. Que condenou outras tantas com o fim da guerra.
E aí você se depara com questionamentos e posturas da senhora Hanna, que dá alfinetadas no juiz e em nós leitores. Nós leitores do pós guerra, que condenamos o nazismo e os nazistas e todos aqueles que compactuaram com o movimento. Que recordamos apenas do sofrimento dos judeus. E que, subitamente, tentamos com honestidade encontrar uma resposta para "O que o senhor teria feito?" de uma mulher que está acostumada a cumprir ordens.
O que teríamos feito? Oscar Schindler fez milagres, entretanto com visão e muito dinheiro. O que muitos de nós teríamos feito? Não sei se tenho essa resposta.

Extremamente real é o desejo de Michael encontrar um jeito de seguir sendo o leitor dessa mulher tão importante na sua vida. E de se tornar ainda mais importante para a vida dela.

Eu estava aos prantos nas últimas páginas. Não porque seja um 'dramalhão', e sim porque mexeu fundo com minhas estruturas. Eu não conseguia encontrar um papel que eu assumiria nessa história.
Costumamos julgar as ações dos personagens: eu faria isso, faria diferente, eu o entendo... Eu não consegui encontrar uma resposta, uma posição.

Sei que não é um estilo de leitura ou uma história que agradará a todos, mas eu recomendo fortemente, em especial para aqueles que, como eu, se interessam pelo momento histórico da Segunda Guerra Mundial e o pós-guerra. E também àqueles que gostam de entender melhor o outro.



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