3.5.14

Sobre muito

Sim, eu sumi. Em parte propositalmente. 
Entrei de férias no feriado da Páscoa e estava cogitando entre minhas experiências o abandono de responsabilidades, e considerei o blog.
Pretendia o retorno essa semana, com as postagens que eu fiquei me coçando durante o período. É que daí eu tive uma semana puxada antes das férias e decidi que deveria deixar rolar apenas o que já estava programado, descansar, dar tempo a mim mesma.

Pois é, agora com o retorno, queria vir (não com tudo) com energia novamente.
Estava pensando sobre a postagem dessa segunda sobre minhas experiências, afinal são 3 semanas que eu viria compartilhar. Acontece que essa semana eu não cumpri minha proposta. Eu deveria desafiar-me e fazer algo que eu tinha receio.
A vida, no entanto, me pregou uma peça e me deu uma experiência. Uma experiência que vai modificar meus planos de reinício de trabalhos.
Acontece que hoje ao chegar de viagem, descobri que minha companheira de quase 15 anos faleceu. E maio mais um vez se tornou um mês de dor e triste para mim.

Dudah, minha pequena Dudinha, nasceu há 14 anos num 12 de outubro. Um presente de Nossa Senhora em seu dia, e no dia das crianças. Um presente para um ano que teve um mês de maio dura. Minha nonna  havia falecido em pleno dia das mães, recém havíamos chegado em casa. Na época era minha avó quem cuidava de mim e "trocava companhia". 
Milagrosamente, no meu aniversário fiquei sabendo que minha tia pela primeira vez aceitaria que tivéssemos um animal de estimação em casa. E eu pude levar aquela bolinha de pelo caramelo que havia nascido na casa dos meus tios para minha casa. 
Minha felicidade era sem tamanho e ela se tornou o ser mais importante da minha vida. Não só porque eu a amava, mas porque era quem era. E por  ser também a lembrança da minha avó para mim.

Meu maior medo sempre foi o desse dia, o que ela já não estaria aqui com seus rosnados, latidas, mordidas e mau-humor. Mas também com sua atividade, seu carinho, seus pedidos de colo, seu calor e as orelhas para eu coçar.
Ela não olharia nos meus olhos e lamberia minha face para demonstrar que entendia quando eu dizia o quanto a amava.

Eu tentei nos últimos 5 anos ir me preparando para isso, cuidando do meu coração. Nos últimos anos, quando ela teve um tumor nas mamas, passei a intensamente trabalhar minha cabeça para aceitar o momento de despedida e nos últimos meses passava algumas noites chorando abraçada a ela, tentando me despedir aos pouquinhos. Para que ela jamais deixasse de carregar consigo todo esse amor que eu não conseguiria guardar.
Dava "tchau" sempre temendo ser o último, até que ele foi.

Não importa o quanto aceitamos da morte, o quanto sabemos que é parte da vida, que se aproxima. A morte em si não é o problema.
A dor é a perda, a ausência daquele que aqui já não está. Que não alimenta nossas carências e nossos sentimentos fisicamente.
Nada apaga aquele espaço, a gente só consegue com o tempo administrar melhor aquele vazio, deixar ele tomar conta de nós de vez em quando. Até lá, o vazio nos domina e nos consome. O sentimento que não pode ser dado transborda e nos intoxica.

Porque só quem ama sabe a dor de ser cativado por alguém.
Até um dia, meu coração!


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