27.10.14

[Resenha] Silo







Título: Silo
Título original: Wool Omnibus Edition (Wool 1-5)
Autor(a):  Hugh Howey (site)
País: EUA
Ano publicação original: 2011 a 2012
Editora: Intrínseca
Páginas: 512




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(5/5)

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Fiquei curiosa na Turnê Intríseca, e acabei esperando a Bienal para comprar. Melhor ainda foi quando descobri que o autor estaria no dia que eu iria.
Comecei a ler sentada na fila de autógrafos no sábado e não consegui mais parar, mesmo sendo vésperas do casamento. O livro viajou comigo pro Uruguai.

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Breve sinopse

O mundo lá fora é visto através de câmeras que são limpas quando algum criminoso é condenado. A condenação é a saída do Silo e a limpeza das câmeras antes da morte. Por que todos limpas as câmeras mesmo sabendo que irão morrer, mesmo tendo dito que não o farão?
Juliette está prestes a descobrir.
Será que a vida nas profundezas, num mundo segmentado por andares e profissões ela foi preparada para essa próxima etapa?

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Holston sonhava com coisas como essas enquanto obedientemente limpava a terceira lente, esfregava, aplicava, borrifava, e então foi para a última. Sua pulsação era audível, seu coração batia dentro daquele traje apertado. Falta pouco disse a si mesmo. (...)
p. 42

Silo nos traz uma distopia em que o mundo exterior é inabitável. Céu azul e grama verde são considerados fantasias de livros infantis. A segurança está dentro do silo, e a simples menção a 'ir para fora' pode ser considerada uma condenação a se dirigir ao exterior e morrer com os gases tóxicos.
O grande mistério é a razão de todos os condenados limparem as câmeras que filmam o exterior. A limpeza, como é chamada, atrai gente de todos os níveis para o que se torna um espetáculo. Poder enxergar com clareza novamente o exterior que só é visto do último nível.

Porém, o último condenado foi o xerife e agora uma mulher dos níveis inferiores é a principal indicada. A prefeita com o delegado partem na difícil tarefa de convencer Juliette a aceitar o emprego, porém a ex-habitante da mecânica vai descobrir que mudar de profissão e casa pode ter sido uma escolha perigosa.

Quem está acostumado a fuçar os problemas para tentar resolvê-los pode acabar descobrindo mais do que deveria.

(...) - Eu não ia saber fazer esse trabalho. Só sei consertar coisas.
- É o mesmo trabalho - disse Marnes a ela. - Você nos ajudou muito naquele caso aqui embaixo. Você vê como as coisas funcionam. Como se encaixam. Pequenas pistas que os outros não percebem.
-Você está falando sobre máquinas - disse ela.
- As pessoas não são muito diferente - retrucou Marnes.
- Acho que você já sabe disso - completou  Jahns. (...)
p. 105

É um daqueles livros com personagens muito bem construídos, em que as páginas voam porque estamos envolvidos.
Eu não diria que a trama em si é imprevisível, mas o autor consegue nos surpreender nos pequenos pontos. E a la George Martin ele também nos deixa em dúvida sobre o destino de muitos nomes que surgem na história, para nossa tristeza de leitor.
E é um pouco engraçado que um homem que cria uma personagem feminina fantástica como protagonista, consiga ser um romântico clichê. Para mim o livro é repleto de excelentes casais, embora alguns romances sejam inusitados. Só que eu não poderia falar do livro sem louvar a belíssima relação entre a prefeita e o delegado.
Fiquei encantada e apaixonada pelo sentimento que os envolvia. Mostrando mérito de Howey.

que nos tocam, que nos sugere pensamentos jamais ocorridos... Não é possível desgostar.
Estou ansiosa para ler mais obras de Eduardo Sacheri. Em especial se elas me ajudarem não só a caminhar pelos meus pensamentos, mas puderem me fazer caminhar novamente pelas ruas de Buenos Aires revivendo o tempo em que lá vivi.

-Qual o objetivo disso? - perguntou ela, e viu o sorriso dele desaparecer.
- Qual o objetivo de qualquer coisa? - Ele voltara a olhar para a parede e apagara a lanterna.
p. 145

Como uma boa distopia, as críticas estão lá. E o modo como ele se utilizou para tratar da 'podridão social' me agradou bastante. Lembro de pensar durante a leitura como ele conseguia jogar responsabilidades nos pequenos atos. Que um personagem louvável poderia cometer um deslize ou fazer uma estupidez que tomasse um tamanho gigantesco.
Ele consegue nos dar essa pitada, mas do mesmo modo que fez com os romances, ele ainda assim se mostra o tipo de pessoa que ele se intitulou na Bienal do Livro "alguém otimista, que acredita no futuro".

Uma bota passou pela abertura, depois a outra. Foi então que Juliette saiu para o mundo, determinada a fazer as coisas à sua maneira, vê-lo com os próprios olhos, mesmo que através daquele portal, daquele visor de vidro de uns vinte por cinco centímetros, e ela de repente entendeu.
p. 205

Eu gostaria de discutir mais, de aprofundar algumas questões, mas fico com receio de estragar algumas surpresas. Gostaria de debater sobre a infantilização dos adolescentes/construções sociais/natureza, algo que me recordou muito dos filmes da Lagoa azul. De refletir sobre o poder das informações, do quanto elas podem mudar E controlar o mundo. De saber o que vocês pensam sobre o egoísmo humano que é capaz de sacrificar tudo pelo estável ou pelo conforto.. São tantas ideias... que eu convido aos que já leram a comentar e conversarmos.

Sendo assim, leiam o Silo. Vale muito a pena, mesmo que ele termine de um modo que não me fez tanto querer saber das sequências. A história em pareceu auto-suficiente, mas pode ser que eu mude de ideia após ler os próximos. Porque é claro que lerei.

Tudo isso foi só para postar minha foto com o autor na Bienal do Livro de SP. O bate-papo com ele foi fantástico, fiquei muito fã das ideias dele.


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