11.12.13

Linda, magra, rica e famosa

Eu me interesso extremamente por discussões de cunho social. De como somos moldados e influenciados pelas imagens de minorias, transformando-as na imagem (ou imagem de desejo) das massas.

É assim que eu fico gratificada ao re-assistir inúmeras vezes as propagandas da campanha Dove pela Real Beleza.
Sei que é engraçado, porque a própria Dove também lança comerciais que criam os estereótipos que essa campanha tenta desestabilizar. Ainda assim é louvável que consigamos em algum momento chacoalhar nossa cabeça para tentar não nos afundarmos ao ponto de ficarmos cegos à essa enchente de influências para nos tornarmos seres humanos "extraordinários".





Do mesmo modo que procuro refletir sobre o assunto, também mergulho nesse universo de querer cílios mega-volumosos-de-boneca e uma pele sem poros como vidro. Invejo o corpo magro e definido de Gisele Bündchen com o passar dos anos e gravidezes. Eu me pego desejando aquele vestido que custa duas vezes meu salário. Eu vivo no mesmo mundo que você.
Ainda assim, eu me horrorizo cada vez que vejo uma loucura como as mulheres Barbies. Ou quando leio uma notícia sobre a morte de alguém por distúrbio alimentar (veja a resenha de Garotas de vidro). 


Foi assim que eu fiquei esse fim de semana ao ler Bling ring: a gangue de Hollywood. Eu havia visto o filme no avião e já estava ansiosa pela leitura do livro.
Queria ir mais a fundo em uma história que tenta mostrar o universo de limites e influências que estamos vivendo. Como rumamos por um caminho que procura nos fazer ultrapassar os limites para obter e alcançar a imagem "ideal".



Fiquei bem satisfeita com o modo como a autora explorou a história. Inclusive discutindo sobre estudos que tratam do mundo contemporâneo.
Com uma luta de décadas pela valorização da mulher e de seus direitos, vemos essas jovens que são admiradas por gastarem mais do que possuem com roupas caras, se drogarem, "revelarem suas calcinhas para os paparazzi", se embelezarem para dançarem ao som de uma música que as chama de vagabundas, interesseiras e etc.
E é esse tipo de mulher que as jovens e não jovens buscam se tornar. Queremos ser desejadas como elas são. Para ser desejada desse modo tenho que ser como ela, tenho que ser ela. No caso da Bling Ring: tenho que usar exatamente os objetos dela, até mesmo suas roupas íntimas.

Parece absurdamente doentio. Entretanto durante a leitura, em especial quando haviam os contrapontos ou a discussão com algum estudo, eu ficava refletindo como era um espelho. Eu vejo isso acontecer. Em graus maiores ou menores, encontro em mim e em todos meus amigos esses sintomas.

E aí? Será que cada um de nós se permitirá chegar ao ponto de cometer crimes, desrespeitar o outro (independente de quem seja) e se preocupar mais com a oportunidade de aparecer nas principais revistas, ser uma celebridade, ter ser próprio (un)reallity show. Se preocupar mais com parecer do que com qualquer outra coisa?

Recomendo a entrevista sobre nós, jovens da geração dos "burros motivados", aqueles que são arduamente incentivados a crescer rapidamente, a ter e ser mais que os outros. E que nos tornamos insensíveis ao fato de que apenas parecemos algo que acreditamos ser o tempo todo.

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